Quando por fim a notícia da sua loucura lhe chegou as ouvidos, o seu mundo desabou. Foi a sua melhor amiga, com a cara cheia de pintura borrada misturada com choro salgado, que o notificou do sucedido. Ela tinha tomado a decisão de desistir da sua própria vida. Era uma pessoa problemática, muito estranha aos olhos de toda a gente. Por detrás de uma personalidade vincadamente obsessiva, vivia uma pessoa que não sabia manter um equilíbrio no seu bem-estar. Mas tratava-se de uma luta interna, pois a sua amabilidade, a sua compreensão, e o sentimento de felicidade que causava nos que a rodeavam, contrariavam todos os pensamentos negativistas que ela possuia diariamente.
A sua melhor amiga relatou-lhe o sucedido, e a sua colega de casa onde ela estudava, rematou com os pormenores de como tudo aconteceu. Ele fica completamente dormente, naquele momento. Os seus lábios não se mexem, a sua visão torna-se turva, o coração dispara ao ritmo de um frenetismo desconsolante... O choque da notícia foi de tal ordem, que nem conseguiu derramar uma única lágrima. O seu estado de reacção passivo, incapacitara-lhe os movimentos, os sentimentos... A sua melhor amiga abraça-o, sente-lhe o corpo quase sem forças e diz-lhe antes de se despedir:
- Ela era completamente maluca por ti... - as lágrimas começam a escorrer-lhe pela face.
- Ela sofreu com a vossa separação... Eu acho que ela gostava que soubesses que não havia um dia em que ela não sonhasse em estar contigo outra vez... - suspira profudamente. Olha-o atentamente por mais uns momentos, mas ao ver as suas feições de petrificação, decide dar-lhe um beijo e ir embora.
Não sabe ao certo quantas horas ficou ali no mesmo sítio, sem reacção, até que finalmente o corpo cede de alguma maneira e ele senta-se redondo no chão. Pouco depois, consegue levantar-se e dirigir-se ao sítio mais próximo onde pudesse reflectir... E assim, senta-se num banco de jardim do Parque da Cidade, onde costumava partilhar alguns momentos de namoro com ela.
Lembra-se de como eram especiais, os pedaços de vida que partilhara com ela. E finalmente as lágrimas preenchem um sentimento de aperto tão grande, que por breves instantes, sentiu que o mundo se tornara minúsculo naquele banco repleto de memórias.
Num período de reclusão, não proferiu uma única palavra, o que preocupou os seus pais, os quais nunca souberam o porquê do seu estado. Não queria partilhar essa dor com ninguém. Só mais tarde conseguiu contar a história a um par de amigos... E quando se sentiu mais liberto, escreveu numa música dedicada a ela, o seguinte refrão:
"I´ll see you in another place... and maybe we´ll be granted with the time that we lost"
Mais tarde, já com outros músicos no seu projecto, dedica-lhe também uma música que
aqui vos deixo. Um tema que há muito estava escrito numa folha de papel, guardada numa pequena caixa de recordações... C GIRL... will always remember you. Will always try to learn from this...
(Esta música faz parte da demo que vos falei num post anterior).