sábado, 26 de janeiro de 2008

WASTEFUL DUPLICITY


As pestanas começam a abrir... preguiçosas, e a luz começa a ferir nos olhos. Por entre a sua almofada, avista a cabeça delicada da sua companheira tranquila. Não lhe parece sorridente, mas também não apresenta ares de tristeza. Olhando para os seus cabelos lindamente desarranjados, pensa nos sonhos que poderão andar por aquela cabeça viajante.
Encosta-se um pouco a ela, com o cuidado necessário para não a acordar, e lembra-se das inúmeras vezes que ela lhe tinha pedido para irem passear, sem grande sucesso. Devia estar triste com isso... Aliás, ela queixava-se mais da pouca atenção que lhe dedicava, do egoísmo que demonstrava para com ela, da falta de compreensão...
Ela acorda suavemente e repara que ele tem a cabeça encostada no seu ombro. Ele não a sente a acordar, continua embrenhado nos seus blocos assimétricos de imaginação negativista.
- Tás acordado? - pergunta susurrando.
- Acordei à pouco... - diz ainda perdido no meio de um raciocínio.
- Tou com frio... aquece-me! - diz ela sorrindo.
- Hehehe... - ri-se enquanto a abraça aconchegadamente.
Começa a pensar que hoje lhe dedicará o dia. E após uns momentos de carícia sobre a sua pele, pergunta-lhe se não se quer levantar e fazer um piquenique no parque. Está um dia lindo...
- Não, hoje quero ficar aqui contigo. Quero um dia de miminhos.
E ficam os dois perdidos no meio dos lençois, envoltos de olhares e carinho. Até que acabam por adormecer. Umas horas depois ela acorda, levanta-se e dirige-se à casa de banho. De regresso, entra no quarto e fica à porta à espera que ele lhe retribua um olhar.
- Que se passa? - pergunta ele.
- É sempre a mesma coisa. Ficas aí deitado, e nunca fzemos nada... O nosso piquenique? - diz ela num tom mais altivo. Sai do quarto e vai em direcção à cozinha. Ele levanta-se ainda enssonado, e vai ter com ela. Abraça-a pelas suas costas, encosta a sua cabeça no seu ombro e pergunta-lhe:
- O que se passa fofinha?
Ela empurra-o para trás e incendeia outra discussão infernal. Só no dia seguinte fizeram as pazes...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

BOOM


Life isn´t then
Life isn´t when
Life is this... here... now.

E esbofeteia a sua mente, pensamento após pensamento... Não consegue esquecer o seu passado, ou deixar que este não o influencie. Foram muitas as vivências marcantes, que adulteraram a sua personalidade por completo. Sonha com um futuro utópico, onde a pessoa que o vive, não é ele... é apenas um fragmento da sua imaginação. Uma nova versão do seu eu, que sabe que por mais que tente, nunca vai ser assim... Sonha com o dia em que tudo à sua volta explode e ele sobrevive com uma doce amnésia.

Yes, life is this... here... now.
But for now, I am unable to completely FEEL this.
I still live the then and the when,
I can´t seem to shake them off, for as hard as I try
I need my explosion...
Resulting on my implosion...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

INSECURE

Passara o final de tarde na piscina. Esbracejava a usa tristeza, por entre mergulhos profundos naquele local solitário. Estava sozinho... Sonhava e idealizava o acontecimento que iria decorrer naquela noite. Anseava por esse momento, sem a certeza se finalmente era desta vez que conseguiriam estar juntos. Por outro lado, receava com todo o seu ser, estar com ela nessa noite. Iria mostrar o nervosismo e timidez que faziam parte dele? Iria ela gostar da sua companhia? Iria controlar a sua impulsividade, a sua inconsequência? Iria medir as palavras proferidas, os gestos empregues na interacção entre os dois? A tantas perguntas, o seu bom senso e a sua forte consciência reforçaram a ideia de ser ele mesmo... não havia razão nenhuma para que fugisse do seu ser. Nem o medo de potencialmente assustar aquela doce rapariga. Afinal, se gostasse dele, seria pela pessoa que ele era... que ele representava.
Dirige-se ao chuveiro, onde fica a marinar debaixo da corrente de àgua quente. É um dos seus sítios preferidos para ganhar asas e voar na sua imaginação. Por vezes chega a desligar-se tanto da realidade, que o seu corpo praticamente adormece, mantendo apenas os sentidos necessários para se manter seguro... protegido.
No seu roupeiro, perde-se numa indecisão sobre qual a vestimenta que quer levar para o jantar... não é habitual. Normalmente veste a primeira coisa que apanha a jeito. Mas hoje preocupa-se com a sua imagem... quer parecer um homem delicado.
Organiza todo o material necessário para o jantar com aquele amor de rapariga e senta-se à mesa, com um cigarro numa mão e um copo de vinho noutra. Chegou a altura de esperar pela sua companhia. Ele, que sempre chega atrasado a todos os encontros, estava neste dia, mais que pontual. Respira fundo, e suspira de ansiedade... de beleza visual. O cenário estava lindo.
Espreita pelo canto do olho e vislumbra alguém que trás um vestido que dança com o vento.
- É ela... - pensa ele sossegando a sua ansiedade, acelerando o bombear do seu coração.
Um pequeno raio de luz distante, começa a desvendar lentamente a beleza dela... No final de tal apresentação inesquecível, os seus olhos ficam bloqueados nos pormenores do seu rosto, à medida que vão aparecendo. Ela é mesmo uma mulher muito vistosa, e seriamente bonita.
Chega ao pé da mesa de jantar e dá-lhe um beijo carinhoso.
- Trago fome. - diz ela com um sorriso, piscando-lhe o olho. - E a comida está com um aspecto excelente.
- Claro que está! Foi feita com carinho... - diz rindo-se e esperando que ela não o leve a sério.
Durante o jantar, pouco falaram. A fome era tanta, que devoravam a comida repetidamente servida nos seus pratos. Após alguns copos de vinho, para ajudar a disgestão, começaram a falar interminavelmente sobre pequenas coisas da vida. Recordaram alguns dos momentos mais marcantes nas suas vidas. Embora nenhum deles fosse um bom ouvinte, respeitavam-se meticulosamente nas atribuições de "tempo de antena". Naquela noite, agarravam-se a toda e qualquer palavra proferida. Estava a ser um momento muito especial.
Ela levanta-se mete a cadeira mais perto da sua, e encosta-se ligeiramente a ele. Pouco depois ele senta-se no chão e ela partilha o momento encostando-se de costas no seu peito. Após uma troca de ideias sobre o universo enquanto olhavam para as estrelas, ela faz uma pausa e diz:
- Sabes, estive o dia todo a pensar neste nosso encontro. Não conseguia fazer nada de jeito...
- Além de bonita, és simpática... começo a sentir-me deslocado. - diz ele enrolando as sílabas.
- Olha que estou a falar sério. Pensei muito nisto... E deslocado, porquê? - pergunta com uma voz curiosa.
- Porque começas a revelar-te unicamente especial. Começo a tremer só de te sentir ao pé de mim... - responde combatendo a sua timidez.
Ela vira-se para ele, mete-lhe os braços em cima dos ombros e observa-o com um olhar sério. O vento passeia nos seus cabelos... Lentamente, começa a aproximar o seu rosto do dele... mas ele desvia a cara e dá-he um abraço, encostando a sua cara nos ombros dela.
Numa voz muito macia, diz-lhe ao ouvido:
- Sonhei muito com o nosso primeiro beijo. Gostava que fizesse parte de um momento perfeito e inesquecível.
Ela observa-o em admiração e emitindo um sorriso, diz:
- És um tonto... Estamos aqui os dois vestidos a rigor, bem cheirosos, à luz destas velas de chama instável, sobre este luar desnudado, sentados na nossa manta de praia, a ouvir o barulho do mar... Nesta praia lindíssima. E eu, arrepio-me só com a tua voz. Queres mais perfeito que isto? - pergunta enquanto lhe agarra na cabeça com as duas mãos e lhe olha directa e profundamente nos olhos.
- Queira estar seguro de que sentes algo parecido com o que sinto neste preciso momento. - diz com uma voz trémula, suspirando. Durante minutos a fio, trocam olhares penetrantes, sem dizer uma única palavra. Não era preciso...

domingo, 20 de janeiro de 2008

NOSTALGIC


Backstage... os joelhos tremem, os pés mexem-se involuntariamente num ritmo desenfreado. Ouvem-se as murmuras do público que troca ideias, esperando o momento em que todas as luzes se acendem.
- 2 minutos! - anuncia o homem da organização.
Junta-se com os seus 2 companheiros daquela luta, e dão um grande abraço incentivo. Encosta-se na parede e fecha os olhos, em busca de um último momento de concentração, antes de pôr os pés naquele palco de emoções desmedidas. Relembra, com insistência, o layout da apresentação que terá que fazer, para não cometer erros...
- Tá na hora, já abri os micros... - diz Pedro, o homem do som de palco.
Muito devagar, entra dentro do palco, seguindo os seus colegas. Ouvem-se os aplausos e assobios daquela gente toda que os vinha ver. Cabisbaixo, faz os últimos arranjos ao seu material e acaba de beber a sua cerveja de golada. Já se sente mais liberto, com uma ligeira dose de alcool no sangue... o suficiente para a coragem necessária para estar naquele spotlight. Respira bem fundo, e decide olhar para o público que se encontra à sua frente, a dar-lhes atenção... São dezenas e dezenas de pessoas que ali se encontram. Meu deus! Já tinha tocado para um público maior, mas aquele... era o da sua terra natal. Eram muitos deles, seus amigos e conhecidos... Começa a tremer, os dedos não conseguem segurar devidamente a palheta que necessita para tocar. Volta a enfiar os olhos na coluna de som de retorno que está virada na sua direcção. Dirige-se ao Pedro (o homem do som de palco) e entrega-lhe o seu minidisc.
- Grava aí o concerto, por favor. Pode ser que mais tarde queira recordar... - pede gentilmente ao atarefado homem.
- Que som queres gravar? - pergunta-lhe ao ouvido.
- Pode ser o de palco. Sempre é mais limpo, e posso ouvir o público distante.
Volta para o seu poiso destinado à actuação, e usa novamente o seu truque para fugir ao nervosismo. Foca os olhos em direcção ao nariz, de maneira a que o público se torne uma enorme mancha imperceptível.
Dirige a boca ao microfone, e numa voz suave diz:
- Boa noite, somos os GLOOM!

AQUI vos deixo um tema dessa noite.

(Picture from GLOOM concert in the late 90´s)

sábado, 19 de janeiro de 2008

BREAKFAST


Ainda perdido no seu sonho, ouve uma voz suave às portas do seu mundo dizendo:
- Fofinho, está na hora... temos que nos levantar.
Como sempre, o seu sonho estava prestes a atingir a fase de interpretação final do seu delírio... mais uma vez não conseguia levar aquele até ao fim.
- Bom dia princesa... - responde ainda bocejando.
- Bom dia preguiçoso... por onde andavas tu? - pergunta com um sorriso matreiro nos lábios.
- Sonhava com as possibilidades do infinito, com o poder da mente... hehehe.
- Pois sim... comigo é que nunca sonhas, não é meu rechonchudo? - olha-o de lado e dá-lhe um beliscão.
- Contigo, sonho sempre acordado... E sim, já sonhei muitas vezes contigo enquanto dormia. És uma tonta. Vou preparar o pequeno almoço... venho-te trazer aqui na cama. O que queres? - pergunta preocupado e curioso.
- Quero-te a ti... vem cá!

sábado, 12 de janeiro de 2008

OBSESSION


Agora que vivo sem ti,
Sem o teu cheiro,
Os teus lábios,
Os nossos beijos flutuantes,
O palpitar do teu coração sentido no meu corpo,
A tua doce voz,
O teu olhar revigorante,
A segurança insegura que me provocas,
O teu toque suave,
As tuas mãos macias,
O teu carinho apaixonado,
O teu ciúme que pacifica o meu ser,
O enrolar dos nossos corpos,
O calor incomodativo que me provocas ao adormecer,
A confusão desarranjada dos nossos lençois ao acordar,
Penso...

Onde vou encontrar novamente a tua obsessão?
Onde vou viver novamente o teu ciume doentio?
Onde vou ter uma pessoa sempre disponível, sempre ao meu lado?
Onde vou esperar tão fiel seguidora?
Onde vou depositar este enorme carinho que todos os dias me sai do corpo?
Onde vou reviver dias sem fim numa linda cabana de amor?
Onde?
Onde está a minha esperança...?
Onde está a minha crença?
Onde está a minha segurança?
Onde quer que esteja essa nova versão de tudo isto... eu estou aqui!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

ENDORPHINS


I am my own parasite
I don't need a host to live
We feed off of each other
We can share our endorphins

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

WOLVES

She looks into his eyes and says:
- There are two wolves fighting in every man´s heart... One is love, the other is hate.
- Which one wins? - he asks.
- The one you feed the most!

Pathfinder

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

THE DIFFERENCE


Completamente descontextualizado do assunto que falavam, um amigo faz uma pausa para um olhar sério, e diz:
- És um gajo diferente, pá! Completamente! De tudo e de todos que alguma vez conheci... - balbuceia ele, enquanto segura a sua garrafa de cerveja, apertando-a perto do limite em que ela se parte.
- Hum... - fica surpreso e não consegue articular nenhuma palavra, até que a sua insegurança lhe transmite uma ordem comunicativa - Isso é bom ou mau? - articula com algum receio.
- Pá... ambos! A parte negativa é que te maltratas muito... - enfia mais meia garrafa de cerveja pela goela abaixo. - A positiva nem sei por onde comece... - abre os braços e acena com a cabeça em sinal de negação. Era um amigo de longa data... conhecia-o desde os seus 15 anos. Nessa altura passavam muito tempo juntos... eles e mais um grupo assíduo. Mas nunca tinha feito um comentário daquele tipo.
Jason fica de olhos abertos, com o seu indicador esquerdo a tocar levemente nos lábios, à espera que o seu corpo reaja de alguma forma.
- Hum... Vamos mamar finos! - Diz Jason, terminando com uma erupção de gases que lhe sai pela boca.
Ficou sem saber se algo daquilo tinha sido sentido, se servira como um reforço, uma bengala ao seu estado de espírito, ou se era apenas uma chapada para acordar para a vida. Mesmo assim, apreciava aquela simpatia...
Sentiu que no lado negativo, identificara-se muito com o que o amigo lhe dissera... muito! E nesse encaminhamento de raciocínio, momentaneamente sentiu-se mal por não ter conseguido até hoje contrariar a pessoa que vê reflectida nos espelhos...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

EMOTION SICKNESS


Mais um dia que passa... Mais algumas dezenas de minutos inúties a vaguear em pensamentos de autocomiseração. O único efeito causado pela digestão de quantidades desproporcionadas de álcool, é o desvaste no seu orçamento... e o desfigurar da forma do seu corpo. Porém, conseguiu de alguma maneira iludir a sua tristeza, com pequenas doses de euforia injectadas através do bom vinho que bebe... da cerveja, da vodka... tudo serve! Até mesmo a desculpa de se encontrar numa época festiva, que também lhe serve de pausa ao ingerir dos químicos que o costumam manter balanceado... hum... balanceado...
Como bom observador que é, repara em todos os pequenos pormenores inerentes da vivência das pessoas que o rodeiam. E até mesmo as pequenas coisas o conseguem irritar... farta-se de atitudes mesquinhas, idiotas, egoístas. Sim, o egocentrismo vive no sangue da nossa sociedade... São seres selectivos, estes àvidos tristes que procuram encher o seu ego sem limites, sem uma fronteira visível. Sem olhar a meios, nem a fins... Respeitar o próximo? Para quê? E todos se julgam boas pessoas. Mas o preocupante é que tais ignorantes conseguem deitar a sua pesada cabeça na almofada, e dormir tranquilamente com um sorriso na boca, toda a noite. É o poder da desconsciêncialização!!! Mágico, este...
Na sua atitude pacífica, engole comentários e atitudes que a si se dirigem de uma completa inconsequência. E deixa que os seres que tomam este tipo de iniciativas, se julguem possuidores de algum tipo de poder de persuasão... deixa que momentaneamente se considerem dignos de uma certa superioridade. E entende que não vale a pena mandar uma chapada de luva branca. Para quê, dar-se ao trabalho? Fazer como os demais que se chateiam, revoltam, retaliam... por tudo e por nada? - E assim se inicia um momento de raiva adormecida... que no final consegue esboçar um sorriso. Um sorriso que cheira a ironia...
Senta-se e ri-se enquanto repara na competitividade imposta na maior parte das atitudes das pessoas, enquanto supostamente socializam. Até naqueles momentos em que toda a gente gostava de ser o centro das atenções se rivaliza... E eminentemente tarda o momento em que se puxam os galardões das posses e dos feitos... Abana a sua cabeça em descontentamento.
Não há volta a dar... O bom senso começa a estar associado a um ganho susceptível. O seu bom senso face isto tudo? Mete-se na cama, ouve a chuva a cair lá fora acompanhada por uma voz linda que transmite palavras que lhe são muito conhecidas, e decide voltar aos químicos. Meia dúzia de comprimidos, um copo com vasta água e enche novamente o estômago com aqueles tolerantes de vida...


Erupt again ignore the pill
And I wont let it show
Sacrifice the tortures
Orchestral tear cash-flow

Increase delete escape defeat
Its all that matters to you
Cotton case for an iron pill
Distorted eyes
When everything is clearly dying

Burn my knees and
Burn my knees and
Burn my knees and
E-motion sickness
Addict with no heroine
E-motion sickness
Distorted eyes
When everything is clearly dying

Burn my knees and
Burn my knees and pray
Burn my knees and
Burn my knees and pray
[all my friends say]
Get up get up get up get up
Get up get up get up
Wont you stop my pain

E-motion sickness
[to idle with an idol]
Addict with no heroine
Good things will pass
It helps with excess access
Lessons learnt

E-motion sickness
[lost no friendship]
[corrosive head pollution]
Lessons learnt