domingo, 24 de fevereiro de 2008

IN ANOTHER PLACE


Quando por fim a notícia da sua loucura lhe chegou as ouvidos, o seu mundo desabou. Foi a sua melhor amiga, com a cara cheia de pintura borrada misturada com choro salgado, que o notificou do sucedido. Ela tinha tomado a decisão de desistir da sua própria vida. Era uma pessoa problemática, muito estranha aos olhos de toda a gente. Por detrás de uma personalidade vincadamente obsessiva, vivia uma pessoa que não sabia manter um equilíbrio no seu bem-estar. Mas tratava-se de uma luta interna, pois a sua amabilidade, a sua compreensão, e o sentimento de felicidade que causava nos que a rodeavam, contrariavam todos os pensamentos negativistas que ela possuia diariamente.
A sua melhor amiga relatou-lhe o sucedido, e a sua colega de casa onde ela estudava, rematou com os pormenores de como tudo aconteceu. Ele fica completamente dormente, naquele momento. Os seus lábios não se mexem, a sua visão torna-se turva, o coração dispara ao ritmo de um frenetismo desconsolante... O choque da notícia foi de tal ordem, que nem conseguiu derramar uma única lágrima. O seu estado de reacção passivo, incapacitara-lhe os movimentos, os sentimentos... A sua melhor amiga abraça-o, sente-lhe o corpo quase sem forças e diz-lhe antes de se despedir:
- Ela era completamente maluca por ti... - as lágrimas começam a escorrer-lhe pela face.
- Ela sofreu com a vossa separação... Eu acho que ela gostava que soubesses que não havia um dia em que ela não sonhasse em estar contigo outra vez... - suspira profudamente. Olha-o atentamente por mais uns momentos, mas ao ver as suas feições de petrificação, decide dar-lhe um beijo e ir embora.
Não sabe ao certo quantas horas ficou ali no mesmo sítio, sem reacção, até que finalmente o corpo cede de alguma maneira e ele senta-se redondo no chão. Pouco depois, consegue levantar-se e dirigir-se ao sítio mais próximo onde pudesse reflectir... E assim, senta-se num banco de jardim do Parque da Cidade, onde costumava partilhar alguns momentos de namoro com ela.
Lembra-se de como eram especiais, os pedaços de vida que partilhara com ela. E finalmente as lágrimas preenchem um sentimento de aperto tão grande, que por breves instantes, sentiu que o mundo se tornara minúsculo naquele banco repleto de memórias.
Num período de reclusão, não proferiu uma única palavra, o que preocupou os seus pais, os quais nunca souberam o porquê do seu estado. Não queria partilhar essa dor com ninguém. Só mais tarde conseguiu contar a história a um par de amigos... E quando se sentiu mais liberto, escreveu numa música dedicada a ela, o seguinte refrão:

"I´ll see you in another place... and maybe we´ll be granted with the time that we lost"

Mais tarde, já com outros músicos no seu projecto, dedica-lhe também uma música que aqui vos deixo. Um tema que há muito estava escrito numa folha de papel, guardada numa pequena caixa de recordações... C GIRL... will always remember you. Will always try to learn from this...

(Esta música faz parte da demo que vos falei num post anterior).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

GOD OF WAR


Normalmente ela queixa-se sempre. É porque ele não lhe dá atenção, está sempre distraído com os seus gadgets computacionais, raramente saem... E tem razão! Ele fechara-se muito no seu mundo, e via a sociedade como um mal necessário. Evita contacto frequente, mas sabia que lhe era requisitado em prol da sua sanidade. Tornara-se um bicho vivacional esquisito.
E manda-lhe um sermão enorme. Ele ouve com atenção e tenta não se exaltar no meio da discussão. Mas no final admite que ela tem razão. Pede-lhe desculpa e explica-lhe que a sua cabeça não pode estar parada... tem que estar ocupado com algo, senão não se sente bem... É como que uma claustrofobia...
Ela compreende isso passadas umas horas e a meio da tarde, pede-lhe para jogar um daqueles jogos que ela tanto critica. Ele fica admirado, mas depois de ela o convencer que falava a sério, foi escolher um jogo que achava que ela iria gostar. Tem uma banda sonora excelente, voice casting fenomenal, uma história envolvente e uma jogabilidade exímia. GOD OF WAR!
Ela pega nos comandos da consola de videojogos, e começa a jogar. Facilmente começa a ganhar vontade de desistir do jogo. Não consegue ainda manejar o comando com a precisão que é exígida aos jogadores, e desiste... Ele convence-a de que é um hábito, e que vai acabar por gostar bastante da experiência.
Passados uns poucos dias, ela já lhe pedia ajuda ao almoço para a ajudar com um boss. Ou porque havia um puzzle que não conseguia resolver.
Numa dessas tardes, ele sentou-se ao pé dela, e ficou a vê-la jogar, ajudando onde ela sentisse necessidade. Durante algumas horas o fez, sentado a seu lado no sofá.
Ele sentiu algo diferente. Sentiu que o seu cérebro estava ocupado, e feliz...

WAKING UP


Mais um dia em que a luz do sol, apenas começa a iluminar aquele quarto nostálgico, a partir do meio dia. Ela acorda primeiro, encosta-se a ele e deixa-se despertar com a cabeça em cima do seu peito.
- Amor, ainda tás cansado? - pergunta ela preocupada.
Ele abre ligeiramente os olhos, e deixa entrar aquela luz momentaneamente insuportável.
- Bom dia princesa. Dormiste bem? - preocupa-se com o seu bem estar enquanto suavemente lhe acaricia o cabelo.
- Claro que sim. Contigo durmo sempre com um sentimento grande de tranquilidade. E adormeço sem preocupações.
Ele fica sem fala por uns minutos, e repara no brilho dos seus olhos. Como é que aquelas pequenas palavras, conseguiam causar tão grande sentimento? E numa voz ainda melada, diz-lhe:
- Vamos fazer o almoço?
Levantam-se os dois, ele veste-lhe o seu pijama, e vão os dois preparar algo para comer. Preparam os condimentos, e metem a refeição ao lume. Ela aproveita para lavar duas peças de louça. Ele senta-se e aprecia a sua beleza... Ela vira-se para trás e repara que ele a observa.
- O que foi? - pergunta com aquele seu característico ar doce.
Ele levanta-se dirige-se a ela, e abraça-a. Segura-lhe a cara e beija-a suavemente nos lábios.
O fogão apagou e o almoço ficou esquecido...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

GLUMMY


Desta vez é que é... Vou dar início ao projecto Glummy (há muito enfiado algures numa gaveta da minha imaginação), o qual terá o seu ponto de partida no mês de Março. Com sorte e empenho, estará concluído antes de Agosto.
Este projecto consiste principalmente num album home made, com recurso a samples electrónicos, alguns instrumentos gravados directamente para uma pista do software de produção e a voz de uma pessoa "truly in gloom". Além disso, existirão algumas surpresas... Vamos ver no que isto dá.

P.S. - Já lá vão 51 horas desde a última vez que fechei os olhos. Possivelmente alterarei este texto, quando o ler. Hehehe.

Oh... and one other thing: I still have no logo (the one in this post is merely temporary). A couple of ideas, but nothing concrete. So, if anyone decides to help, I´ll apreciate the contribution. :p

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

VERSE CHORUS VERSE


E hoje as minhas palavras são as deste igualmente demente senhor. Peço desculpa pelo negativismo, peço desculpa por mostrar uma janela que deveria estar coberta de escuridão. Não é do meu agrado deixar que me vejam dentro dum frasco rotulado frágil, estando indefeso e desnudado. Mas sinto necessidade de explodir o meu sentimento em palavras... Como diria Eleanor Roosevelt - "Learn from the mistakes of others. You can’t live long enough to make them all yourself". Sim, talvez seja por isso...


Neither side is sacred
No one wants to win
Feeling so sedated
Think I'll just give in
Taking medication
Till our stomach's full
Neither side is sacred
Crawling in my hole

The grass is greener
Over here
You're the fog that
Keeps me clear
Re-inventing
What we knew
Take the time
And I'll be true
You're the reason
I feel pain
Feels so good to
Feel again

Neither side is sacred
No one wants to win
Feeling so sedated
But I can't give in
Taking medication
Till our stomach's full
Feelin' so sedated
When I'm in my hole

The grass is greener
Over here
You're the fog that
Keeps it clear
Re-inventing
What we knew
learn from history and
We will too
You're the reason
I feel pain
Feels so good to
Feel again

Oh

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

1,2,3,4... RECORD!


Os seus tempos de músico amador estavam a chegar ao fim. Foi uma vivência e uma experiência realmente divinal. Sentia que nunca mais iria viver momentos tão intensos e ricos em emoção. E de modo a poder relembrar alguns deles, de modo a que pudesse deixar ficar o seu legado musical, decidiu gravar as suas letras... a música que se ouvia na sua banda.
Foi assim que através de um contacto de um colega de trabalho, se dirigiram a um sotão equipado com algum material de gravação, com o intuito de registarem algumas das suas músicas. Tudo teria que ser feito em duas tardes de um fim de semana. Era o único tempo que dispunham para poderem gravar...
Uma das tardes foi ocupada com a montagem do material, e alguns testes de sonoridade. Deixavam tudo pronto para o início da gravação no dia seguinte. De regresso a casa, notara que estava com alguma sensibilidade em relação às diferenças de temperatura e sentia frio. Na mesa de jantar de casa, sentia dificuldade em engolir o que metia à boca. A já habitual amigdalite que o visitava sem excepção todos os anos, estava iminente.
Acorda no dia seguinte, cheio de ansiedade pelo dia que lhe esperava, mas triste por saber que estava doente... que aquele estado, o impossibilitava de viver o momento em toda a sua plenitude.
Numa folha de rascunho, terminava à pressa algumas das suas letras, que face a sua preguiça mórbida, ainda não estavam acabadas. Pensava que por algum milagre talvez as conseguisse encaixar a tempo nas músicas, enquanto registava em audio a sua voz.
Já dentro daquele pseudo-estúdio, passava-se para uma pista a bateria do primeiro tema da gravação. Depois de todas as batidas estarem prontas, era a vez de introduzir o baixo, e finalmente a guitarra e a voz. Não havia tempo para mais nada, era tudo ao primeiro take. Se por acaso algo não ficasse ao agrado do músico, não havia volta a dar.
Por entre a inexperiência dos músicos num local de gravação, o aperto do tempo controlado, a criatividade sujeita ao complemento de músicas inacabadas, os contratempos usuais, e um registo de uma voz nasal, fruto de uma ligeira amigdalite, deixo-vos com uma música desse fim de semana.
A sua letra possui um significado de tal maneira ambíguo (ou dúbio), que é perfeitamente susceptível de ser interpretada com uma conotação menos boa. Vos garanto que a letra fala de algo bastante rico e emocionalmente bonito.

AQUI fica a música que embora controversa, foi a que mais brilhou na gravação.

BEHIND THE MASK


Mais um dia de carnaval. A vontade de sair e se mascarar, não é muita... Ainda se encontra envolto em tristeza e dormência existencial. Num acto impulsivo, contraria a sua preguiça emocional, aceita o convite dos amigos para se irem divertir neste dia, e trata de orientar a sua fatiota. Pede ajuda à sua irmã, como é o habitual e tenta iludir o seu perfeccionismo de modo a que possa disfrutar do seu simples disfarce. Gosta da ideia de ter ficado completamente irreconhecível...
Junto com os seus amigos, embrulha-se no ambiente festivo e barulhento. Com a sua pacificidade natural, observa em todo o seu redor a euforia dos desvaneios fantasiados de todos aqueles que se encontram ao alcance da sua vista. Momentaneamente, deixa-se solto de tal maneira, que o seu corpo encontra-se suspenso entre os encontrões das pessoas, entre os corpos de outros que de tão juntos que estão, o seguram. Perdido nos seus pensamentos, desapercebe-se que alguém se mete com ele, esguichando-lhe àgua de uma pistola. Quando sente o seu pescoço mais frio do que o normal, olha para trás e vê alguém a dirigir-lhe atenção... e mais um tiro de àgua fria. Ele deixa-se sorrir, embora ninguém veja... a sua máscara garante-lhe o anonimato. A dela também... será que também sorri?
Ele começa a correr por enntre a multidão à procura de um sítio onde se possa esconder da sua arma. Ela continua a persegui-lo, sem lhe perder a vista, até que longe de toda aquela gente, se deparam com um beco sem saída, onde apenas os dois se encontram... O luar ilumina os seus corpos afegantes. Ela apontando a sua pistola em direcção à sua face, diz-lhe:
- Tira a máscara!
Ele abana a cabeça negativamente, e encosta-se a uma parede, tentando mostrar-se defensivo. Não sabe bem porquê, mas todo aquele momento denota-lhe algo de familiar. Ela aproxima-se dele e tenta-lhe retirar a máscara, sem sucesso... ele desvia-se com toda a força que tem. Até que depois de tanta insistência, ele acaba por ceder, e o seu rosto revela-se:
- Ah, és tu... eu tinha um pressentimento que serias tu por trás dessa máscara! - diz ela, com uma voz ligeiramente surpresa.
Ele começa a reconhecer-lhe a voz e pede-lhe que retire a sua máscara. Ela retira-a com muito cuidado, desvendando a sua identidade.
- Não acredito... - diz ele algo incrédulo.
- Estaremos nós destinados a que estes momentos floresçam cada vez mais entre nós? - pergunta-lhe ela.
- Realmente... será tudo isto uma mera coincidência? - Pergunta-se a ele próprio em voz alta.
Indefeso, observa o aproximar daquela mulher maravilhosa, ao ponto em que apenas o volume inchado dos seus fatos os separa. E ficam quietos, com um brilho nos olhos a contemplar aquele momento inacreditável. Até que ela o interrompe:
- E nesta nossa história, consideras este um momento perfeito para que te beije? - pergunta com um olhar macio.
Ele coloca as suas mãos no seu rosto, e respirando profundamente encosta os seus lábios nos dela...