segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Doce morango

Dou saída da sala de aula. Mais uma aula enfadonha de Sistemas de Informação. Meto as mãos no bolso, retiro o meu leitor de mp3 recheado de melancolia, e ponho os earbuds nos ouvidos. Ora, vamos cá fazer um shuffle a Zero7!
Fecho os olhos...
Percorro o caminho em direcção à saída da Universidade, com o pensamento apenas na passagem por uma pastelaria qualquer que tenha à minha disposição um saboroso doce. Pretendo que as minhas papilas enganem o cérebro com algo de bom.
- O que vai ser menino?
- Pode ser aquela tarte de chantili com o moranguinho no meio. - Tem mesmo bom aspecto.
Caminhando meio torto, segurando numa mão aquela tarte apetitosa e carregando no ombro uma mochila à tiracolo com o material de estudo, vou saboreando o chantili... quero deixar o morango para o fim. Claro... é usual deixar a parte que considero ser a mais saborosa, a que mais prazer me dá, para o final. Assim fico com aquele sabor na boca... até o estragar com o inalar de fumo do tabaco.
Percorro o passeio que acede a minha casa. Avisto ao fundo uma pessoa sentada na escadaria da entrada do meu prédio... mas espera... aquele vulto é-me familiar. Acelero o passo por forma a satisfazer a minha curiosidade. Começo finalmente a reconhecer as roupas que aquela pessoa decidiu mostrar ao mundo no dia de hoje. Não lhe consigo ver o rosto, pois tenta avistar algo no sentido contrário do qual me dirigo.
De repente o meu corpo fica parado... os meus pés juntam-se sem se conseguirem mexer. A sua face roda e de repente eu estou contido na sua visão... A tarte cai ao chão. O morango fica estatelado sobre o cimento...
- Ah, é ela! - diz-me o meu cérebro na sua tentativa de me induzir algum poder de reacção.
O tempo fica congelado de modo a que possa contemplar aquele momento. Numa fracção de milisegundos vêm-me à cabeça cenas do filme Cashback (onde me identifiquei muito), onde a personagem consegue parar o tempo a seu belo prazer...
O som do caminhar das pessoas, das viaturas que passam, e das canções natalícias, começam a chegar novamente aos meus ouvidos com um efeito de fade in. O teu olhar brilhante desfoca todos os outros planos constantes na minha incrédula visão. O meu pé direito ganha força, e com a vontade de ir para junto de ti, esborracha o morango perfeito que se encontrava no seu caminho. Sinto o corpo diferente... a mochila já não pesa, não encolho as mãos com frio, e os meus membros descoordenam-se enquanto me desloco até à entrada do prédio. Assim que chego à tua beira, levantas-te e dizes:
- Olá. - com um sorriso de beicinho.
- Como é que...? - são as únicas palavras que conseguem chegar às minhas cordas vocais.
- Li a tua mensagem e decidi que tinha que te ver.
- Mensagem? Mas... Não percebo! - Balbuciei na irrealidade de todo aquele momento.
- Anda, vamos subir. Explico-te melhor enquanto te deito na cama e encosto a minha cabeça no teu peito. Está frio aqui...
Verifico o bolso em que usualmente trago as chaves. Só pela terceira vez que lá meto a mão, as encontro... Abro a porta e deixo que ela vá seguindo para chamar o elevador.
Abro os olhos...
Cumprimento o segurança da entrada da Universidade e desejo-lhe boas noites. Ora vamos lá buscar a tarte de chantili com morango!

5 comentários:

Jo disse...

Sei como é, essa coisa de estarmos sempre a cinematografar dentro da nossa cabeça. Sonhar é tão bom...

beijo*

Glummy disse...

Sim... mas ao mesmo tempo doloroso!

Anónimo disse...

Ó Mr.glummy,sonhar não pode ser doloroso,senão não vale a pena pá :P

Devemos é fazer o possível para trazermos para a nossa vida,os sonhos realizáveis.eu estou perto de estoirar uma bomba na minha vida.farta de trabalho mesquinho,de promessas infinitas.de comodismo.vou terminar umas coisitas que deixei para trás,e vou-me embora daqui.seja com tudo,seja sem nada.estou com gana de mundo,de pessoas,de lugares...whish me luck ;)

Ps: manda lá as outras fotos,que eu já me entendi com isto :P

Beijinhos,contador de histórias**

Glummy disse...

Oh, oh, oh...
Calma aí... I have tools to defuse that one.
Controla a tua impulsividade, for now... n vais sem irmos ver o fundo de alguns copos de martini.

Quanto aos sonhos... quem me dera controlar esta minha mente ávida de sonho diurno.
(O nocturno então, nem o menciono).

RC disse...

E a seguir, acender outro cigarro.

Xi.