sábado, 1 de dezembro de 2007

Um viseense em festa nicolina...

Mas que raios? Dois bois a puxarem um enorme pinheiro, por um trajecto que finda perto de uma igreja, onde toda esta gente o vai tentar erguer? Ah, porque é tradição... Bolas, eu realmente vivo tempo demais no meu mundo.
Mas tambores e tarolas não faltam. São aos milhares... E de 100 em 100 pessoas lá está um grupo destes "músicos" a tentar tocar em uníssono, comandados por um suposto maestro que os orienta com uma enorme couve. É a festa do Pinheiro por Guimarães... E enquanto se percorrem as ruas do seu trajecto, milhares de pessoas socializam, bebem e riem like there´s no tomorrow. A julgar pelos dias que antecedem a festa, preenchidos por pancadas em tambores que ecoam pelo ar, mostrando a vontade de aprender a tocar aquela melodia nicolina a tempo de realizar uma boa performance, a expectativa pela chegada deste dia é alta... E bem se vê. Tanta gente, meu deus! Nem os ladrões que poderiam aproveitar o facto de literalmente não estar ninguém por casas vimaranenses, faltam à festa...
E enquanto tento encontrar maneira de chegar a outra rua, observo as feições desta multidão... quase que perco o comboio de amigos com quem vim, que de 3 em 3 minutos propõem um brinde. Lá vai mais um desvaste na garrafa de plástico cheia de vodka e sumo de laranja.
Olha-me para o comprimento do pinheiro... estou curioso por saber como é que eles vão levantar isto. E terão condições para o fazer? Metade das pessoas que vejo já denotam um grau de alcoolémia off the chart. Mas espera... a mim já me falta um pouco de nitidez de imagem no meu olhar...
- Vamos para os bares da Oliveira... - alguém diz com uma boa disposição suspeita. E lá se vai a garrafinha de sumo. Chegámos! Encontro um amigo que me abraça com força. Conversamos um pouco e nisto ele diz: - Tenho uma coisa para ti. - E prontamente abre-me a mão, depositando uma substância verde com um cheiro realmente fresco nela. - Vamos lá fora apanhar um pouco de ar. - Já sei do que se trata. Hoje é festa!
Cá fora, numa rua estreita apinhada de pessoas que se agrupam em formas circulares, o cheiro da minha mão é abafado pela névoa provocada pelo expirar do fumo contido nos pulmões de tão anciosas almas. E concentrado na tarefa que me calhou para fazer, desapercebo-me dos outros anciosos que por ali se juntaram, como que um sinal de stop obrigatório tivessem avistado.
Umas inalações depois, a troca de pensamentos únicos provocados por um estado de euforia momentâneo é inevitável. Pouco depois, a sensação de um bem-estar aparente... E de repente o mundo ficou mais pequeno.
Dou dois passos em frente. Subitamente um tornado apodera-se da minha cabeça, criando um mal estar no meu corpo. Tenho que me ir sentar em algum lado... Abandono aquela gente, dizendo: - Vou dar uma volta. Preciso de caminhar...
Deambulando por entre pessoas estranhas, tento avistar algum sítio onde possa repousar de modo a sossegar a alma. Eis que aparece no meu horizonte uns degraus de uma escadaria. - Parece-me um bom sítio. Sento-me. O latejar na minha cabeça não parece sossegar... - Não posso estar sentado. - a minha mente começa a ficar confusa. Aparentemente não parece haver solução para tanto turbilhar. Sinto o corpo a desvanecer, como se a morte estivesse ali sentada ao meu lado a tentar convencer-me que me deixe ir... Not yet. Levanto-me e procuro outro sítio qualquer onde ela não esteja por perto. Reparo num muro que aparenta ter espaço suficiente para o meu pesado corpo. Trepo o muro, e assim que estou nele assente, o meu corpo pede-me para me deitar. Estendo-me de braços abertos e fecho os olhos... Navego por entre inúmeros pensamentos de self pitty, como de costume. Mas afinal há quanto tempo estou ali?
Alguns momentos depois desta minha viagem com as cortinas dos olhos fechadas, sinto alguém tocar-me no ombro. Ouço uma voz suave que pergunta: - Olá, estás bem? - Volto a ligar o botão da realidade e vislumbro uma cara simpática. Os seus lábios permutavam entre um sorriso matreiro, e uma preocupação por me encontrar naquele estado. Prontamente respondi: - Está tudo bem. Apenas precisei de uns minutos de repouso absoluto. Obrigado!
- Se precisares de alguma coisa avisa... Eu estarei por aqui vigilante.
Perante tais palavras a única coisa que consegui fazer, foi deixar escapar um sorriso adormecido e acenar com a cabeça afirmativamente. Espero que tenha percebido que lhe estava agradecido...
Sigo para o bar onde se encontram os meus amigos...
- Por onde andaste? Vi-te a desaparecer na multidão...
- Estava necessitado de uma caminhada. Vou seguir o meu caminho para casa, já não consigo usufruir de mais nada que esta noite tenha para me oferecer. Divirtam-se...
No meu percurso, iria passar por uma enorme rotunda onde o som dos bombos e tambores não parecia ter descanso. Bolas, depois de umas 5 horas a martelar naquilo? Pelos vistos a alegria continua.
E eu? Porque razão não consigo gozar estes momentos? Porque não vejo grande piada nestas coisas? Mas afinal no é que eu vejo piada?
Chego a casa, ainda tenho forças para estender os braços no teclado do meu portátil... Tenho uma mensagem nova... O meu dia está ganho!

5 comentários:

Anónimo disse...

A ansiedade incontrolável,causada por essa substância verde,foi a razão de eu ter parado.definitivamente (nem em dias de festa)..acredita que por muito que me dê vontade de fugir para longe,esse nunca mais será o caminho..

Agora,2,3,4 martinis on the rocks..
:P

E tu,vê lá se te divertes,pode ser?? para bicho do mato,basto eu ;)

Glummy disse...

Oh, assim não vale. O post ainda não estava completo.

Já levei uma vida bem pior... E claro que na altura também tirei as minhas conclusões.
Ultimamente a minha dormência perante a vida é que não põe olhos sobre o controlo nestas coisas. Enfim...

Eu divirto-me. A minha ideia de diversão é que difere um pouco do resto do mundo!

Anónimo disse...

Humm... e hoje em dia o k é diversão? se nada do k se fazia anteriormente tem piada, porventura?! por vezes, a melhor diversão pode estar sentada ao nosso lado e só kd a perdemos é k damos conta k a tivemos... bora la tentar animar!

Abssinto disse...

Que te retires sempre de ao pé dos outros e sentes sózinho nuns degraus obscuros. Gosto de fazer isso, tentar compreender. É um intervalo Essencial.

Escreve muito no portátil;)

Anónimo disse...

E não querias sair de casa...