quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

TUMBLING DOWN


Kay encontrava-se num poço sem fundo. Aos trambolhões numa queda dolorosa, o seu corpo apenas sentia a força que o sugava em direcção de um desconhecido constragedor, e onde já nem a luz da chama de uma vela se poderia avistar. Já tinha passado a fase de se tentar agarrar à rugosa parede daquele conduto sem fim, deixava-se ir leve e sem vida. Pensava em como tinha tentado agarrar-se a algo, que perspectivasse a possibilidade de construir uma escada feita de motivação, que lhe permitisse ver o céu novamente. Mas todas as tentativas lhe tinham saído frustradas. Sim, já tinha visto o céu por uma ou outra vez, mas na realidade a visão não passava de um delírio seu. Por mais que uma vez julgava estar no encalce do patamar do túnel, mas todas as advertências a que agora estava habituado lhe pregavam uma rasteira nos pés.
Esperava que algum braço comprido o pudesse salvar daquele sítio, apesar de estar convicto de que no grau de profundidade em que se encontrava, teria que ser ele próprio a arranjar uma solução para poder sair dali. Mas faltavam-lhe as forças, não encontrava motivação... Já não encontrava razões para voltar a ver o céu. Aquele seu estado depressivo, sorumbaticamente lhe roubava a alma...
Kay olhava para trás, com uma vontade desumana de poder reviver toda a sua vida desde a infância... Poder modificar a pessoa que se tinha tornado, na qual não via esperança de se poder tornar alguém. Considerava que o tempo já tinha escassado, e que todas as escolhas que trariam consigo a hipótese de viver o seu sonho, foram desperdiçadas.
Kay partilhava valores que eram de todo desadequados, que só ele percebia. Lutava contra a sua existência leviana e delgadamente obsessiva... considerava que ninguém o compreenderia na sua plenitude. As pessoas achavam-no esquisito, com alguma excentricidade de pensamento. Porém Kay não se sentia uma má pessoa, nem achava que o seu modo de pensar era incorrecto. Era apenas um maníaco na sua própria maneira de estar extravagante. Vivera com alguma dependência de sentimento um tanto ou quanto turbulenta... acreditava no sonho de construir a sua própria família feliz e só desistir de viver em harmonia com ela, no momento em que a morte lhe batesse à porta. Kay perdia-se em sentimentos e paixonetas como todas as outras pessoas, afinal amava as mulheres, mas uma de cada vez. Vivia na sua firme certeza, de que a fidelidade era dos seus mais altos valores. E que momentos tentadores e duvidosos surgiriam, mas no final o mundo que decidiu ser o seu, falava sempre mais alto.
Kay sonhava... naquela queda vertiginosa não havia muito mais a fazer... A pouca esperança que lhe restava, abafava-se com toda aquela filosofia pessimista.

5 comentários:

Jo disse...

Até ao dia em que Kay...

Acaba por acontecer, o dia da viragem.

beijo*

Abssinto disse...

Há-de haver uma rapariga que lhe ache encanto no génio.

;)

abraço

Glummy disse...

mariazinha:
Assim o espero... bj

abssinto:
esse teu comentário surtiu o efeito de uma pequena luz no poço. Thanks
ab

R. disse...

Opá,já aqui vim tanta vez,e não consigo deixar um comentário..como tu dizes,damn it ;)

Eu tenho fé (a sério que tenho my friend),acaba mesmo por acontecer o dia da viragem,um dia..

E olha lá,eu já te apanhei a mudar a foto deste post,p´rai dez vezes :P

Beijinhos

Glummy disse...

Eu confesso que estou um pouco faithless...
A fotografia? Pah, tinha aí uma foto minha (como deves ter visto), mas naquela foto até que parecia um gajo engraçado (engraçadito à minha maneira, vá), e não quis que as pessoas ficassem com uma ideia errada. Assim evito possíveis desilusões. Muhahaha.
Eu volto a metê-la noutro post.

Jinhux